E Nina ficou doente. Nada demais, uma gripe, mas ela NUNCA fica doente então logo estranho. Se eu acreditasse em olho gordo ia dizer que foi isso porque gritei aos 4 ventos que minha fillha era o exemplo de criança saudável e que nem gripe ela pegava. Pois bem, pegou. Não foi o olho gordo, eu sei. Foi vírus mesmo.
Aí começa assim, um narizinho escorrendo aqui, uma tossezinha ali e de repente esse nariz não para mais de escorrer e de tanto limpar já fica machucado, coitada. Mas ela vinha bem, serelepe que só, nem aí pro melequê. No domingo ela já ficou mais chatinha e manhosa. Colinho pra lá e pra cá, estava cansada, foi dormir às 9 da noite, como de costume. Perto de 11 horas ela acorda aos berros. Berros mesmo. Parecendo que estava com dor. Corro pro quarto, pego no colo, não tem febre. O chororô continua. Levo pro meu quarto, tento fazer ela dormir, não quer. Tento dar a chupeta, não quer. Mamadeira, nananinanão!
E grita "sai" enquanto joga a chupeta pra longe aos prantos. O pai sugere levar ela pra sala pra brincar e depois ela ia relaxar. Não adianta. Ela brinca um pouco, depois volta a chorar, perambulando pela casa. Volto a pegar no colo, tento acalmar a bichinha, nada. Fico morta de cansaço, tenho que levantar às 6 da manhã, entrego pro papai e vou deitar. 30 segundos depois, fico com remorso e pego ela de novo. Nesse vai e vem, colo e chão, brinquedos e Backyardigans, já estamos de madrugada. Percebo que minha calma já não está mais comigo e foi-se para um lugar distante. Entro numa onda de que meu nervosismo está passando pra ela. Sabe aquilo que escutamos das pessoas, principalmente quando estamos há 800 horas sem dormir, com o cabelo em pé e um recém-nascido aos berros no colo? Pois é. Entrei nessa onda.
Respirei fundo. Lavei meu rosto. Apaguei a luz do quarto, peguei a fofucha no colo, chupeta em punho e comecei a cantar Bia Bedran. Bia Bedran sempre me salva nos momento de desespero, ela foi professora de música na minha escola quando eu era criança e as musiquinhas me deixam de bem com a vida.
Pedala, pedala
Pedala, pedalinho
Me leva prá longe
Bem devagarinho
O mar tá bonito
Tá cheio de caminho
Pedala, pedala
Pedala, pedalinho...
O chororô continua, mas não me abalei dessa vez. Ficamos ali, eu, ela e a Bia Bedran, em pensamento é lógico.
Perdi meu anel no mar
Não pude mais encontrar
E o mar me trouxe a concha
De presente prá me dar
Ela foi se acalmando, pegou a chupeta, ficou lá me ouvindo, deitou a cabeça no meu ombro, dormiu. Ainda fiquei ali cantarolando um pouco, com a pequena no colo, sentei na cama e pensei em dormir sentada só pelo medo dela acordar de novo, mas não, coloquei no berço e ela dormiu. Ainda acordou mais uma vez na madrugada, mas aí bastou um abraço e ela dormiu de novo.
Deitei na cama, puxei a coberta, fechei o olho e... opa! Hora de trabalhar. Ok, vou dormindo no ônibus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário