terça-feira, 26 de julho de 2011

Chico e os nomes

Quando eu pensava em escolher o nome da minha filha, sempre pensava em uma música do Chico. Pra ela ter uma música pra chamar de sua, sabe? E não uma música qualquer. Uma música do Chico Buarque. E daí que cismei que minha filha seria Cecília. Cecília é bonito, é sonoro, vira Cissa, que eu amo, e é uma música do Chico. Linda por sinal.

Mas nem tudo é perfeito e o pai não gostou. Não arredou o pé e falou que Cecília não. Aí como a filha era de nós dois e eu jamais colocaria o nome do meu baby, caso fosse homem, de Charles como ele sugeriu, abri mão de Cecília, da música, do Chico... e veio minha Nina (que tem muito mais cara de Nina do que de Cecília).

E como papai do céu é meu super camarada, olha só como as coisas são:

Chico Buarque voltou a compor... lançou um novo CD... com uma valsa linda chamada: Nina!




Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
Nina adora viajar, mas não se atreve
Num país distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
E no céu o meu destino rapta
O seu
Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve
Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de moscou
Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Momento fofura

Hoje é dia de contar A história fofa das histórias fofas! É de babar e apertar com tanta fofura!

Nina tem um grande amigo na escola. Tipo amigo do peito, unha e carne, Patati e Patatá. É o Carlos Augusto. Ele é dois meses mais velho que ela e já estava na turma quando a pequena por ali chegou, aos três meses e meio.

Sim. Três meses e meio. Coração partido, lágrimas, não vou aguentar, não vou aguentar... Aguentei. E ela também. Bem melhor do que eu, diga-se de passagem.

A verdade é que não sei bem quando o negócio se tornou tão intenso, mas agora virou um grude. Ele chega na escola antes dela e não quer ficar porque ela ainda não chegou. Ela chama ele de Calinhus (ooowwhnnn)! Quando eu apareço na porta com a pequena, ele dispara no parquinho em nossa direção, eufórico, gritando, Nina, Nina! Ela ri.

Correm para montar os brinquedos juntos e descer no escorrega. Uma delícia.

Pois bem. Carlinhos já está com 1 ano e 8 meses e há um mês está fazendo sua adaptação no maternal. Ele não precisa mais ficar no berçário, já está super esperto e falante. Até hoje ele não se adaptou, sabem por que? Porque ele não consegue ficar longe da Nina! MÔ DEUSO! MORRI!

Olha a lealdade do pequerrucho! Ele desce pro maternal e em um dado momento começa a perguntar por ela e não tem jeito, é hora de levá-lo ao encontro da Ninoca. As professoras já tinham me contado sobre o acontecido e hoje cruzei com a mãe dele na rua e ela também comentou. Ainda me disse que ele fala da Nina no final de semana e atende os telefones dizendo: "Alô, Nina?"

Gente, pode até estar sendo difícil a adaptação do menino, mas os dois são foférrimos! O jeito vai ser deixar eles irem juntos para o maternal. Não dá pra separar esses pimpolhos!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Diferenças escatológicas

Tomando banho com a filhota, saio do box, tiro a Nina, enxugo ela, começo a me secar enquanto a pequena corre peladona pela casa. Gritinhos, sorrinhos, eu me vestindo, ela entra no quarto:

- Cocô!
- Cocô o que filha?
- Cocô! Fez!
- Fez aonde???

Saio em busca do cocô perdido. Nada pelo corredor. Ela entra no quarto. Olho pro chão e não vejo nada. Nina vai em direção a janela e aponta para o chão.

- Cocô!

Chego perto e vejo uma poça.

- Filha, isso é xixi.
- Xixi! Fez!

Agarrei e dei um beijo naquela bochecha branquela!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sem palavras

Blog abandonado, não?

É que certas coisas acontecem e nos tiram o ar. Ficamos assim, suspensas. Sem acreditar, sem forças, indignados, nem sei quantas palavras poderiam definir. Estou há semanas engasgada com a história do Juan. O menino de 11 anos que foi assassinado pela polícia militar aqui no Rio de Janeiro.

Não consegui pensar em mais nada além desse absurdo. Além da dor dessa mãe que teve um filho baleado, insultado como traficante e outro que simplesmente desapareceu. Ninguém sabe, ninguém viu.

O irmão afirmava que Juan havia sido baleado junto com ele, no beco. Mas a polícia dizia que não. Dias se passaram. A mãe incrédula afirmava que o filho não estava mais vivo. 11 anos tinha o Juan. Um menino ainda. Não era um traficante. Como também não era o seu irmão. Como também não era o 3º jovem baleado no mesmo beco que foi levado para o hospital e passou alguns dias algemado à maca.

Os policiais que participaram da ação disseram que não sabiam do Juan. Não viram.

Acho que depois de uma semana começaram as buscas pelo corpo e fizeram uma perícia no local. Depois de 7 dias! Acharam um corpo, primeiro divulgaram que seria de uma menina, depois foi confirmado que era de Juan. Todos os demais envolvidos na tragédia entraram no programa de proteção à testemunha. Os policiais estão sendo investigados e SE for comprovado excesso na ação serão punidos.

SE for comprovado? Existe outra opção? Quem tirou o corpo do menino do beco? Por que eles alegaram que não existia menino nenhum? Quem vai restaurar essa família? Por que o Juan morreu?

É isso que venho me perguntando... sei que não é a primeira vez que um menino negro e pobre é assassinado pela polícia em uma favela. Infelizmente, sei também que não é a última. A possibilidade de impunidade nesses casos é que me arrepia, me embrulha o estômago. A passividade diante dessa atrocidade é que me assusta. É pra se indignar, é pra se revoltar, é pra questionar o mundo todo, é pra ficar enlouquecida.

Era uma criança. Era o filho dela. Mas podia ser o meu. Ou o seu.