segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Toda bala é perdida"

O blog é sobre maternidade, é sobre a Nina e você pode achar que esse tema não se encaixa aqui, mas encaixa sim.

Aqui é o espaço para relatar as peripécias da pequena e guardar lembranças que ela vai ler, rir e se emocionar na futuro. Mas é também o espaço para expor meus pontos de vista, opiniões e decisões sobre o caminho que escolho e tento, seguir para a educação da Nina. Digo "tento" porque não vejo problema nenhum em mudar de opinião ao longo do processo. Somos todos passíveis de erro, certo?

Lá em casa o regime era quase militar, como já contei aqui. Mas isso não se estendia para os ideais da família, valia apenas para os afazeres domésticos. O diálogo sempre existiu. Nunca tive problemas para falar sobre sexo, drogas e rock'n'roll. Fomos criados sem qualquer estímulo a preconceitos irracionais, tanto que tenho dificuldade para entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que se acha melhor do que a outra por conta de raça, sexo, classe social ou seja lá o que for. Isso é tão sem cabimento,que além de não compreender, tenho vergonha só de imaginar que esse comportamento ainda resiste no mundo.

A política também fazia parte do nosso dia a dia. Tanto que vez ou outra fomos recrutados para fazer campanha durante as eleições (trabalho infantil, a gente se vê por aqui!). Ficávamos lá, uniformizados, panfletando e sacudindo bandeirinhas do PT. Isso na época em que o PT era oposição e não elegia ninguém. Acho que todo mundo lá em casa tirou o título de eleitor com 16 anos, mesmo não sendo obrigatório. Talvez você esteja se perguntando "por que?" já que política no Brasil é difícil de aturar, mas a verdade é que o voto é a grande arma que temos.

Não adianta reclamar o tempo todo da corrupção e na hora H dar o seu voto para aquele candidato que é amigo do seu vizinho, sabe? Simplesmente porque deu preguiça de buscar e conhecer mais sobre as suas opções. E afinal, que diferença faz um deputado, né? Você está apenas indicando o amigo do seu vizinho para receber 15 salários por ano (dependendo do estado em que você mora), de cerca de R$ 20.000,00. E quem paga esse salário? Não acha que vale a pena pelo menos entender a função dessa pessoa na engrenagem do país?

Então acho que aqui também é o espaço de ME expor. Para que a Nina entenda que não é preciso "aceitar" opiniões alheias. Que precisamos saber discordar e tomar posições contrárias. Mesmo que isso lhe renda críticas. Mesmo que lhe atirem pedras. Mesmo que não seja fácil. Quando ouvir uma verdade absoluta, filha, conteste, informe-se. Vou me esforçar para oferecer a você todos os instrumentos necessários para que você consiga pensar por si mesma, buscando uma visão ampla de cada situação.

Agora vamos ao porque desse post enorme e perdido no meio de tantas fofuras da minha garota gênio (cof, cof). Tá rolando uma campanha no Facebook. Não são raras as vezes que vejo uns absurdos rolando no Face, como vejo na vida. Mas dessa vez vi a tal foto sendo compartilhada, comentada e apoiada por pessoas "esclarecidas", com nível superior e blá, blá, blá. Só pra mostrar como em muitos casos, ter pedigree não quer dizer nada.

A foto é essa aí embaixo:



- É sério que algumas pessoas atribuem toda a culpa do tráfico de drogas aos usuários?
- Então, segundo essa campanha, se a droga fosse legalizada, não teríamos mais problemas com a violência no Rio de Janeiro?
- O que podemos dizer dos muitos policiais que receberam e recebem dinheiro do tráfico para não atrapalhar o andamento do negócio? A culpa também é do usuário?
- Eu sei, a polícia sabe, o usuário sabe e até a minha cachorra deve saber, aonde as drogas são vendidas aqui no Rio e, (oh! cara de surpresa agora hein meu povo), não é preciso subir nenhum morro pra isso. Muitas dessas drogas não passam nem perto dos fuzis que estampam as capas de jornais.
- Por um acaso a cocaína brota lá no morro? A maconha é plantada lá também? Ou elas precisam percorrer todo um caminho pelo Brasil e exterior até chegar lá? Se a intenção é combater o tráfico, a polícia não deveria aumentar essa fiscalização?
- Quem vende armas para os traficantes?
- Vocês acreditam que a figura do "chefão" do tráfico, do todo-poderoso, que dá as cartas nesse baralho, é mesmo representada por um tipo como o tal Nem, da Rocinha?
- Pessoas que apoiam essa campanha são as mesmas que saíram do cinema tendo o Capitão Nascimento como ídolo e acham válido colocar pessoas "no saco" para conseguir uma confissão?

Poucos dias depois do episódio trágico que tirou a vida dessa policial em serviço durante o ataque de traficantes a uma comunidade pacificada no Rio de Janeiro, o Bope realizou uma operação no morro da Quitanda, atrás de lideranças do tráfico que poderiam estar relacionadas com a morte da oficial Fabiana. Uma menina de 11 anos foi baleada e morreu. A PM não sabe de onde veio o tiro e está investigando a bala perdida que matou a criança. Na minha timeline, no Facebook, ainda não vi compartilhada nenhuma campanha sobre a morte de Bruna (era esse o nome dela).

Imagem daqui.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

The wonderful two

Eu já tinha ouvido falar do tal "terrible two", aquela idade em que o pequeno bebê fofo toda vida que você vinha criando e alimentando desde o seu nascimento, se transforma em uma criaturinha enlouquecida, desafiadora e manhosa. Muito manhosa. Sim, isso tudo rola por aqui.

Manha? Tem sim senhor.
Respostinhas atravessadas? Tem sim senhor.
Criança berrando pela casa? Tem sim senhor.

Mas quer saber? Nina aos dois anos é hilária. E, pelo menos para mim, os tais anos terríveis passam longe de dar tanto trabalho quanto os primeiros meses do bebê. Agora aqui em casa é igual na Avon, "a gente conversa, a gente se entende". Sim, porque agora eu tenho uma filha cheia de argumentos. Ela explica, expõe e pondera suas atitudes. Ok, de um jeito todo dela, pra tornar a coisa toda ainda mais adorável. Aos dois anos Nina dorme quando tem sono. Simples assim: Mamãe, quero dumí! Me dá minha cobeta?

Aos dois anos Nina vira "pepessola" e me dá aulas em casa. De balé, inclusive. Aos dois anos ela conversa no telefone com as pessoas, mesmo que ainda dê varias respostas com a cabeça e deixe o pobre ouvinte sem saber se há vida do outro lado da linha. 

Aos dois anos ela me consola se eu chorar. Aos dois anos ela me pede coisas, eu digo que não tenho dinheiro e ela tira o seu dinheiro imaginário do bolso para me entregar. Ela nunca fez manha por não ganhar alguma coisa que pediu. E olha que ela pede tudo, então os "NÃOs" bombam por aqui.

Aos dois anos ela faz muitas besteiras e aprendeu a ser sonsa. Como no dia em que me perguntou se eu já tinha acabado de trabalhar e estava indo pro quarto com ela. Eu disse que ainda não e ela soltou um "tá". Como quem não liga, sabe? Ela nunca fica assim tão indiferente por eu estar trabalhando, então resolvi checar e... A minha cama tinha se tornado um mar de talco. Papel higiênico picado também fazia parte do cenário. No meio do colchão uma boneca pelada. Perguntei o que era aquilo e ela disse: "Ela está com peleba, mamaííím. Eu vai cuidar dela, tá bom?"

Ahhh, cê jura que isso é "terrible two"?

Claro que perco a paciência mil vezes, repreendo, fico cansada, mas NUNCA rola tapa por aqui. Nada de palmadinhas. Sempre que sinto que estou perdendo o controle, dou uma parada. Respiro. Penso que a criança ali é ela e que eu preciso saber lidar com isso. Não grito com a Nina porque ela já está numa fase de muitos berros pela casa. Ela tenta se afirmar com os berros. Se eu responder no mesmo tom, ela pode entender que é assim que a gente se comunica e me deixar surda em uns dois anos, acho eu. As vezes quando a birra está muito fora de controle, eu deixo ela se acalmar sozinha e falo "quando você parar de chorar a gente conversa. Assim eu não consigo". Pasmem: funciona. Ela logo diz: "eu já palei mamãe".Fora isso ela continua a mesma espoleta de sempre. Dançarina. Rebolativa. Cantora. Entre todas as princesas lindas e felizes para sempre, ela escolheu ser a Fiona, que é muito forte, muito rápida e muito verde. Palavras da pequena.

Obs: blog abandonado porque a cria andou de férias e minha casa, bom, o caos da minha casa vale um post a parte. Ou não. Melhor nem tocar muito no assunto que é pra não deprimir.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

O tal amor incondicional

Hoje não estou aqui para falar da Nina. Nem para divagar sobre o amor de mãe blá, blá, blá, Whiskas Sachê.


Hoje eu estou aqui para falar sobre O verdadeiro amor incondicional. Sim porque eu sempre ouvi que cães têm um amor sem medidas pelos donos. "O melhor amigo do homem", diz o ditado. A galerinha de quatro patas é assim, puro amor para dar, certo? Aham Cláudia, senta lá.


Hoje eu quero é fazer um protesto. Porque se existe a Sociedade Protetora dos Animais, eu quero mais é saber aonde fica a Sociedade Protetora dos DONOS  de Animais. Porque convenhamos, meu povo, há amor mais incondicional do que o do dono? (Com isso me refiro aos donos reais, aos que se apegam ao bichano, aos que os pegam pra chamar de seu, incluem na família e o escambau).

Eu optei, notem a importância da palavra OPTEI. Foi por livre escolha. Eu optei por limpar cocô e xixi durante toda a vida da Pietra. Porque os filhos um dia aprendem a se limpar sozinhos (né?), mas os cães, ahhh os cães, no máximo eles aprendem a fazer cocô em um local determinado, mas você vai ter que ir lá catar, porque os dejetos não de auto-deterioram, jogam água, sabão, desinfetante e depois ainda lavam o pano de chão.

  • Euzinha escolhi limpar dejetos. Euzinha doei minha cama e meu edredom para ela. Euzinha dou água, comida, faço chamêgo e levo para passear.
  • Eu tiro fotos abobadas e compro brinquedinhos.
  • Eu deixei ela cheirar e lamber meu recém-nascido, para que não se sentisse excluída quando a Nina chegou.
  • Eu não faço viagens longas desde que ela entrou na minha vida, há seis anos. Procuro pousadas que aceitem cachorros, viajo para casas dogs friendly e faço o pacote completo da família, incluindo o cão.

Agora, quer saber como ela retribui?

  • Ela destruiu todos os meus sapatos no primeiro ano de vida.
  • Ela rouba comida em cima da mesa, em cima da pia, no fogão, na Lua, se for o caso.
  • Ela destrói o lixo E espalha tudo pela casa (você pode ter uma lixeira descolada na sua cozinha, colega? Pois é, eu não).
  • Ela comeu as jujubas que eu ia usar na decoração de uma festa.
  • Ela comeu meu batom da MAC.
  • Ela comeu muitos brinquedos da Nina.
  • Ela comeu o modem da internet.
  • Ela faz xixi e ou cocô no quarto da Nina, em forma de protesto, sempre que acha que eu mereço (?)

E ONTEM... ela comeu 10 brownies, dos 50 que eu tinha que entregar hoje para servirem como lembrancinha de maternidade para uma amiga Quando sai correndo, descabelada e sem sutiã, para o mercado a fim de comprar ingredientes para repor a perda sem comprometera entrega, ela se sentiu "excluída" e fez xixi no meu sofá.


Agora diga lá: de QUEM é o tal amor incondicional mesmo???


Sim porque amar a Lessie e o Rin Tin Tin é mole, né não? Quero ver é encarar a Pietra.



quinta-feira, 12 de julho de 2012

A mordida na língua e o fim.

E como eu passei por dois anos praticamente imune às zicas, doenças e afins de um bebê, os astros resolveram mexer os pauzinhos e ver como a mamãe aqui se saía com a cria bichada.

Primeiro veio a gripe, dias e dias de febre, nada de querer comer, mega grudada e carente, uma semaninha em casa, alguns dias de antibiótico e, quando tudo acabou, do nada, Nina acorda no meio da noite aos berros, reclamando de uma dor na boca. Tentei olhar, nada vi. Voltamos a dormir. Uma hora depois, tudo de novo. Mais alguns minutos e chororô, again. Assim fomos por toda a madrugada até que ela acordou de vez (eu não), super bem disposta, mas ainda reclamando da boca. Tentei olhar na luz do dia... nada.

Passou o dia bem, até comeu, mas de noite começou a piorar e só aceitava o leite. Não tinha febre. Fomos dormir e tudo de novo. Parecia que a parada potencializava de noite e ela passava a madrugada toda acordando. Eu idem. Achei que era afta e mesmo sem enxergá-la, passei uma pomadinha de camomila que tinha em casa. Parecia aliviar, mas não resolveu.

Depois de três noites insones e uma criança gulosa que resolveu não comer mais, brotamos lá no consultório do pediatra. Agora adivinhem o diagnóstico: mordida na língua. Simples assim. Ela mordeu, o troço inchou e aparentemente por conta disso ela mordeu muitas outras vezes no mesmo lugar. De noite o tal machucado encostava no dente e ela acordava. Eu idem.

Nova pomadinha, ela melhorou rápido, em dois dias tava nova, mas com cerca de um quilo a menos. Nada grave porque ela é das parrudas.

No meio dessa confusão toda e de muitas noites mal dormidas, o pai - sim aquele ser vivo que divide a cama conosco, mas que nunca acorda com uma criança aos berros - resolveu acordar. E passou uma noite inteirinha acordando enquanto a Nina choramingava. No dia seguinte estava um caco e como mágica compreendeu o motivo do meu cansaço (tu jura?). E depois de levar muitos chutes da Nina durante um ataque de fúria noturno e sonâmbulo, ele resolveu que a tal cama compartilhada tinha chegado ao fim.

Arrumamos o quarto dela, a cama, tudo nos conformes e ele ficou responsável por colocar a pequena para dormir lá. A primeira noite foi tão fácil, que me animei. Já estava lá toda esparramada na minha cama, quando na segunda noite ela chorou. Mas ok, foram só umas duas vezes. Sobrevivemos.

Na terceira noite, mais alguns despertares, mas o projeto estava de pé. Mas aí, quando ela resolveu dar uma de recém-nascida e acordar de hora em hora eu tive um flash back e não curti.

Eu durmo tarde e durmo pouco. São raras as vezes que deito antes das duas da manhã. Acordo quando a Nina acorda, algo entre 7h30 e 8h. E quando lá pelas cinco da manhã a bichinha continua acordando chamando seu nome no quarto ao lado, o que você faz? Bom você eu não sei, mas eu carreguei meu travesseiro e fui lá compartilhar a cama com ela no outro quarto. #prontofalei

E dormi viu? Por três lindas e ininterruptas horas.