E Nina foi convidada para ser daminha no casamento de uma amiga querida.
"Será que ela vai entrar?" Ela me perguntou. "Vai. Vai sim." Foi o que eu respondi, no fundo com mais dúvida do que ela. Como não ia ter ensaio e Nina não faz o tipo "princesa", achei que podia dar M@#5!
Bem, chegou o dia da prova do vestido e passei o dia inteiro fazendo uma lavagem cerebral na pequena, falando sobre a roupa linda que ela ia ganhar, sobre o vestido igual ao das historinhas...
- A históia dus Monstus, mamãíín?
- Não filha, a da...
- Dos Mufs (Smurfs)?
- Não, não, a da....
- Du sapú?
- Não filha! Da princesa.
- Da pincesa? Qual?
Nunca contei uma história de princesa para ela. Lembrei do copo. Ela tem um copo das princesas (sim, aquelas da Disney). Devidamente apresentadas, Nina e as protagonistas dos contos de fadas, fomos experimentar o vestido.
Ela curtiu o vestido de "pincesa". Riu e brincou durante a prova. Pensei: tá no papo. Ela vai entrar!
Menos de uma semana antes do casório, a roupa ficou pronta, cheguei em casa para experimentar e... apertada! Nina se irritou e pegou trauma do vestidão. Corri na costureira e mandei alargar, mas quem disse que a menina queria tentar de novo?
Resolvi deixar pra lá. Na hora a gente vê.
Chegamos ao casório, vestido em punho e Nina decidida a não colocá-lo. Na salinha atrás da igreja , junto com os padrinhos, ela conheceu a outra menina que seria daminha junto com ela e, juntas, elas decidiram usar a tal vestimenta (detalhe, a outra também estava saracuteando de calcinha pelos corredores da igreja).
Primeira etapa resolvida. Ufa.
Enquanto esperávamos, elas brincaram, pularam, suaram e Nina estava tranquila, tranquila.
Só que estava chovendo, a noiva atrasou e entrada demorou um pouco. Quando estávamos na boca, ali no ou vai ou desce, quem disse que ela foi?
- Não téio, mamãííín.
Ela deveria entrar junto com outras duas crianças, a lindinha da foto acima e mais um garotinho (fofo toda vida), ainda menor que as duas. Diante da recusa da Nina, eles seguiram sozinhos para o altar.
Mas ainda havia esperança. Tinha mais um casal de crianças, um pouco mais velhas, para entrar.
- Vai com eles filha!
- Não téio.
E foi-se o segundo casal, caminhando pela igreja.
- Filha, se você entrar eu te dou um bombom.
E aos 45 minutos do segundo tempo, lá se foi a pequena, sozinha, meio correndo, meio andando, subindo os degraus ao longo do corredor da igreja, arrancando algumas risadas e dando aquela descontraída no momento casório.
Minha filha não nasceu pra ser princesa, mas tira onda no charme.
Chantagem de mãe é crime? Claro que ela ganhou o bombom, aliás foi a primeira coisa que me pediu quando a resgatei no altar. Papai teve que sair na chuva e arrumar um camelô no centro da cidade (nada difícil, tinha um na porta da igreja). Com o bombom em punho, ainda saiu caminhando de novo, mostrando sua recompensa para os convidados e tive que resgatá-la (de novo), dessa vez quase limpando a mão achocolatada no véu da noiva.