quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sem palavras

Blog abandonado, não?

É que certas coisas acontecem e nos tiram o ar. Ficamos assim, suspensas. Sem acreditar, sem forças, indignados, nem sei quantas palavras poderiam definir. Estou há semanas engasgada com a história do Juan. O menino de 11 anos que foi assassinado pela polícia militar aqui no Rio de Janeiro.

Não consegui pensar em mais nada além desse absurdo. Além da dor dessa mãe que teve um filho baleado, insultado como traficante e outro que simplesmente desapareceu. Ninguém sabe, ninguém viu.

O irmão afirmava que Juan havia sido baleado junto com ele, no beco. Mas a polícia dizia que não. Dias se passaram. A mãe incrédula afirmava que o filho não estava mais vivo. 11 anos tinha o Juan. Um menino ainda. Não era um traficante. Como também não era o seu irmão. Como também não era o 3º jovem baleado no mesmo beco que foi levado para o hospital e passou alguns dias algemado à maca.

Os policiais que participaram da ação disseram que não sabiam do Juan. Não viram.

Acho que depois de uma semana começaram as buscas pelo corpo e fizeram uma perícia no local. Depois de 7 dias! Acharam um corpo, primeiro divulgaram que seria de uma menina, depois foi confirmado que era de Juan. Todos os demais envolvidos na tragédia entraram no programa de proteção à testemunha. Os policiais estão sendo investigados e SE for comprovado excesso na ação serão punidos.

SE for comprovado? Existe outra opção? Quem tirou o corpo do menino do beco? Por que eles alegaram que não existia menino nenhum? Quem vai restaurar essa família? Por que o Juan morreu?

É isso que venho me perguntando... sei que não é a primeira vez que um menino negro e pobre é assassinado pela polícia em uma favela. Infelizmente, sei também que não é a última. A possibilidade de impunidade nesses casos é que me arrepia, me embrulha o estômago. A passividade diante dessa atrocidade é que me assusta. É pra se indignar, é pra se revoltar, é pra questionar o mundo todo, é pra ficar enlouquecida.

Era uma criança. Era o filho dela. Mas podia ser o meu. Ou o seu.

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