quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre os comentários sem noção

Nina é uma criança, digamos, inquieta.

Não é daquelas que caminha lado a lado com a mamãe em um shopping ou mercado, por exemplo. Na verdade ela não anda, ela corre. Sendo assim, evito ao máximo fazer esse tipo de programação com ela e só carrego a pequena pro shopping se for caso de vida ou morte.

Motivos:

1 - Carrinho nem pensar. Desde que aprendeu a andar, ela não senta ali de jeito nenhum.
2 - É impossível ir sozinha com ela e conseguir resolver alguma coisa.
3 - Não é divertido. Para mim, pelo menos, porque ela se diverte em qualquer lugar.

Sendo assim prefiro levar ela a um parque, local aberto, aonde ela possa correr e se jogar na terra. Restaurantes também são viáveis porque ela adora comer e fica ali se divertindo agora que aprendeu a comer sozinha (e ai de você se tentar ajudá-la). Faz uma certa lambança, mas tudo contornável.

Mas como a vida não é perfeita, vez ou outra é preciso resolver alguma coisa no tal do shopping. Há algumas semanas maridin disse que precisava comprar umas blusas e lá fomos nós, com a rota previamente definida que é para não perder tempo ali dentro. Chegando lá, claro que ele foi na tal loja e eu fiquei controlando minha pequena fera que corria pelos corredores do shopping, entrando vez ou outra em uma loja, mandando beijinhos para as vendedoras, tentando virar as lixeiras etc etc etc.

Daí que em determinado momento ela encontra uma planta, daquelas que ficam lá no meio dos corredores e nunca viram a luz do sol. Ah é, são de plástico, ops! Nina achou a maior graça em ficar correndo em volta do plantão, enquanto soltava algumas gargalhadinhas se escondia de mim atrás do vaso. Nesse momento, um grupo de senhouras veio andando. Todas rindo e achando Nina uma graça. Como elas pararam bem ao lado da plantinha e atrapalharam os giros da criança, filhota vendo seu caminho obstruído, olhou para o grupo da terceira idade, abriu um sorriso e disse: Tchau, gente! (No melhor estilo "vaza daqui que eu quero correr")

Elas riram, claro, e foram saindo. Aí escuto o comentário de uma delas:

- Essa aí tem que tomar cuidado, porque assim, rindo para todo mundo, qualquer um que chegar leva. Passa a mão e carrega.

Gente, juro. Meu sangue subiu. Respirei fundo e pensei que ela não falou por mal. Mas diz aí? Tem comentário mais desnecessário para se fazer? Como assim qualquer um carrega? Que espírito de porco. As crianças agora não podem mais ser risonhas nem alegres porque vão ser roubadas na rua?

Claro todos nós já ouvimos, infelizmente, histórias horríveis relacionadas com roubos e sequestros de crianças, mas alto lá. Isso não pode ser culpa da alegria ou simpatia dos pequenos e sim da cabeça doentia de de alguns seres humanos (?).

No dia em que as crianças não puderem mais sorrir, brincar ou dar aquele tchauzinho sapeca para a pessoa que está dentro do carro ao lado, a vida vai ser muito sem graça.

Pode me chamar de Poliana, mas prefiro acreditar no lado bom das pessoas. E prefiro, sempre, acreditar no impacto positivo de um sorriso infantil.

2 comentários:

  1. Minha filha é igual a sua!!! Não só no aspecto de que apavora no shopping (não lembro a última vez que fui com ela!), como no aspecto de que sorri e faz gracinhas pra TODO mundo!
    Já escutei isso que vc escutou também, mas eu interpretei de uma maneira diferente! hehe Eu entendi que a pessoa estava dizendo que minha filha era muito simpática e que chamava a atenção por isso, sendo assim, ela chamaria mais atenção de uma pessoa mal intencionado do que uma criança emburrada e triste, por exemplo.Como minha filha é simpática e não tem nada de tímida, qualquer pessoa que chegar pra conversar com ela, ela conversa numa boa e acho que é aí que mora o perigo, segundo essa senhora aí! hehe
    Só sei que eu tenho que andar de olho nela 24 horas por dia! hehe

    ps- ela já virou a lata de lixo do shopping!

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  2. Um sorriso de criança já mudou meu dia numa daquelas fases em que tudo tá dando errado! Só pq a pequena disse "Tia, sua blusa é cheia de quadradinho!" (a minha camisa era xadrez... rs)

    Que mentalidade doentia dessa senhora! Será que ela tem netos? Será que ela controla seus sorrisos e gargalhadas? Quero nem pensar...

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